quarta-feira, 21 de julho de 2010

The Void


Ela já não sabia como se sentia. Não era desespero. Não era dor. Era nada. Era um vazio que se alimentava de vestígios de sentimentos mal sentidos. Um vazio que crescia a cada instante. Um vazio inacabável.

Então ela dormiu. Acordou vagamente melhor, e esperou por uns minutos que tudo melhorasse, que esse sentimento inexistente, vazio, passasse. Mal sabia ela que não é assim tão fácil. Mal sabia ela.
Porém o inesperado aconteceu. Com vagos pensamentos e singelas inexpressões o vazio foi se enchendo, e aos poucos se preenchendo, até que no negro do nada, cores, paisagens e felicidades se instalaram, brilharam. A luz iluminou o não mais nada, o não mais vago, e de felicidade seu vazio se encheu, passando então a ser cheio.

Final

Lá estava você, sozinho naquele vilarejo fétido e sujo, sabendo que não havia o que fazer... Sabia que seu fim não seria em sua confortável casa da alta sociedade. Seria lá, entre tantos desconhecidos que nem se atreviam baixar o olhar pra um ser tão repugnante quanto você.
Seus minutos estavam contados, e já não havia esperança outra que não morrer.
Não, não morreu tão facilmente assim, e lá ficou ainda por meses, sofrendo, rastejando e se humilhando por um pedaço de pão.
E assim se passaram os últimos momentos de sua vaga e inútil vida.