sábado, 28 de novembro de 2015

Prayers for Bobby


Comecei a fazer resenhas de filmes e séries. É algo que tenho vontade de fazer já faz um tempo.  A primeira é sobre um filme que assisti recentemente por indicação de um colega da UNESP.


Prayers for Bobby. Filme de 2009, relata a história real de um adolescente se descobrindo homossexual no início dos anos 80. Porém, as coisas não são simples para Bobby. Sua família é religiosa fervorosa, considera homossexualidade pecado e acredita na cura gay. Bobby, coitado, cresceu um menino bitolado (apesar de inteligente), e quando entende seus reais desejos, não consegue se livrar da culpa religiosa que sua mãe impregnou nele. Logo no começo do filme podemos ver o desespero que ele sente, a culpa e a depressão que só crescem.
Quando ele é arrancado do armário (ele só se abriu para o irmão que, por estar preocupado, logo contou para a mãe), foi obrigado a frequentar um psiquiatra para tentar se “curar”, e era frequentemente humilhado pela mãe, que fazia questão de sempre dizer como ele era pecador, ia para o inferno, era impuro, etc etc etc... Bobby, que era uma pessoa tão próxima da família, foi se afastando das pessoas que ele amava mais e mais a cada dia. 




Spoiler alert!



Com o passar do tempo e com as frustrações que seus tratamentos para deixar de ser gay traziam, Bobby, cada vez mais deprimido, não conseguia ter qualquer perspectiva de futuro. Até que um dia sua prima o visita, e ao ver o que ele passava diariamente com a família homofóbica, insiste que ele vá passar um tempo com ela em Portland. Depois de se frustrar mais um pouco com as pessoas que o rodeavam, ele resolve ir visitar a prima e fica dois meses por lá. 
Em Portland, Bobby quase consegue se sentir livre pela primeira vez. Logo conhece um homem por quem se apaixona, e aos poucos ele começa a se aceitar. Mas ainda sente culpa, e ainda não consegue se sentir à vontade com demonstrações públicas de afeto. Os dois meses se passam e Bobby acaba voltando para a casa dos pais. Lá, ele arranja forças e anuncia que pretende se mudar par Portland. Diz que está em um relacionamento com outro homem e que está apaixonado. Sua mãe, por não conseguir aceitar, vira as costas e ignora. Bobby a segue e a confronta, anunciando que ou ela o aceita como ele é, ou pode esquecê-lo. Ela estufa o peito e diz que não vai ter um filho gay. E assim, eles rompem seus laços. 
Bobby se muda para Portland e lá ele segue sua vida e seu relacionamento, tentando se esquecer da família que o abandonou. Sua tensão em relação à sua família fica óbvia quando os pais de seu namorado, que claramente aceitaram seu filho, o questionam sobre como foi a aceitação da família de Bobby.
É claro que ele ainda não superou a depressão, e em uma de suas crises, ao recorrer ao seu namorado, o descobre saindo de uma balada com outro. Seu coração se parte e seu desespero só cresce. Se sente cada vez pior, e sua mente entra numa espiral de lembranças ruins. Com a última conversa que teve com sua mãe ecoando em sua mente, Bobby se joga de um viaduto e se mata.




Parece conteúdo o bastante para um longa, não? 

É, mas o filme não para por aí. Agora é a hora de mostrar a redenção dessa mãe problemática, que culpou o filho por sua sexualidade, o ofendeu e garantiu que ele iria para o inferno. Agora, com ele morto, ela encontra seus diários e os lê. Vê que ele não escolheu ser gay. Vê a culpa que ele sentia mesmo sem ter escolha. Vê o medo que ele tinha de sua família odiá-lo por algo que ele não tinha controle. Então ela se pergunta: mas ele era um garoto tão bom, nunca fez mal a ninguém, será que ele foi mesmo para o inferno só por ser homossexual?
Inconformada com a possibilidade de não ter sua família reunida no paraíso após a morte, a mãe de Bobby começa a buscar respostas em outras facções de sua religião. Ao descobrir um pastor que ajudava homossexuais a se esclarecerem, ela o questiona e aponta trechos da bíblia que implicam que qualquer ato homossexual é pecado (e inclusive deve ser punido). O pastor, acostumado com esse tipo de pensamento, logo mostrou para ela outras atrocidades da bíblia (como um trecho que dizia que mulher adultera deveria ser apedrejada, que a punição para crianças desobedientes deveria ser a morte, etc), afirmou que ela foi escrita e é interpretada por humanos, e cabe a nós fazer a interpretação certa considerando os tempos em que vivemos. Logo que ela ouviu isso, disse que parecia blasfêmia. Mas com o luto e o medo, começou a ver as coisas com outros olhos. Começou a frequentar um grupo de pais, familiares e amigos de gays e lésbicas, e nesse grupo ela passou a ter uma perspectiva diferente dessa comunidade. 
Um dia, a ficha caiu. Ela teve uma epifania e entendeu o mal que ela fez para seu próprio filho. Ela percebeu que seu suicídio foi, em grande parte, sua culpa. Finalmente ela entendeu que o problema não era o Bobby, nem o que a bíblia dizia. O problema era ela. É lindo quando ela passa a participar da comunidade de forma ativa, e começa a lutar pelos direitos LGBT. Separei o discurso dela, que mostra essa realização e sua importância. O filme termina com ela e a família dela em uma parada gay. Todos felizes, se divertindo e espalhando amor. 




Filme pesado! Super recomendado. 



sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Revolta, o Mínimo e Hipocrisia.

        Revolta enche meu peito. Como lama tóxica, me afoga e me espreita. Como pode estar tudo tão errado? Como nós, seres humanos, nos deixamos chegar a este ponto? Como pode, uma espécie tão egoísta não conseguir se ver como uma unidade, e se deixar destruir achando que não está destruindo a si mesma? Como pode ser tão comum deixar a ambição ser maior que a razão? São essas questões que enchem meu peito de revolta. Suas respostas não me agradam nem um pouco, e parar para pensar nisso é revolta, decepção, frustração na certa. É muito mais cômodo ficar completamente NUMB e virar cúmplice de tudo que deve mudar e nunca muda.
         Ultimamente esta revolta está tão intensa em mim que é quase insuportável ficar quieta. Quero gritar pro mundo que ele está errado. Quero gritar pras pessoas que elas são só mais um metal pesado nessa lameira toda em que nos atolamos. E o pior? Eu sei que sou cúmplice disso tudo, pois nem o Mínimo eu faço. O Mínimo, para mim, é aquilo que todos deviam fazer. Mudanças simples de hábito que, em larga escala, resultariam numa imensa melhora ambiental e social, assim como, a longo prazo, possivelmente numa melhora econômica (em âmbito global).
        O Mínimo pode ser dividido em duas partes: a parte prática, com atitudes que tomamos no dia a dia, e a parte a ser internalizada, que envolve assumir seus preconceitos e seu machismo, e trabalhar estes aspectos, gerando aceitação e tolerância. Envolve também se desprender das aparências, da futilidade e dos estereótipos. Dentre o Mínimo prático, inclui-se abster-se de carne (sim, TODA carne. E sim, peixe É carne.), separar lixo reciclável do orgânico (e se possível, utilizar o orgânico), racionar energia elétrica e água, e evitar produtos industrializados, optando pelos naturais sempre que possível.
        Se pararmos para pensar, são atitudes muito simples. Pequenos hábitos a serem mudados, que certamente melhorariam a saúde, o emocional e o financeiro de quem os mudassem. Mesmo sabendo dos benefícios individuais e sociais que estas mudanças trariam, poucos mudam. E eu me pergunto... por quê?

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

#meuamigosecreto

Tô passada com tantos casos que li, de ontem pra hoje, na minha timeline. Casos mais sérios, que aconteceram com pessoas queridas por mim, e casos - infelizmente - corriqueiros, que acontecem frequentemente com tods nós. Estou falando de coisas pesadas. Estupro, violência, abusos em todas as suas formas.
Oi?! Estamos em 2015! Como podemos viver em uma sociedade onde os valores ensinados a meninos e meninas são tão diferentes? Gente, pelo amor de deus, ensine seu filho que ESTUPRAR É ERRADO! Ensine que NÃO PODE MEXER NAS AMIGUINHAS DA IRMÃ (NEM NA IRMÃ, viu?!). Ensine que MULHER NÃO EXISTE PRA HOMEM PEGAR, e que A MULHER PODE FAZER O QUE QUISER COM SEU PRÓPRIO CORPO, mas que ELE NÃO PODE IMPOR NADA A NINGUÉM, seja homem ou mulher. Ensine o que é consentimento e o que é estupro, e não se esqueça de ensinar que HOMENS E MULHERES SÃO HUMANOS, e apesar das diferenças biológicas, são A MESMA COISA! Ensine também as diferenças entre gosto, gênero, sexualidade e órgão genital (se precisar de ajuda para entender melhor essas coisas, indico alguns filmes que podem te fazer refletir um pouco: Hedwig and the Angry Inch, Tomboy, Der Kreis, Vi är bäst!, Prayers for Bobby – tem mais, quando eu lembrar eu atualizo), e não se esqueça: Se seu filho for machista, homofóbico, preconceituoso, etc, boa parte da culpa É sua!

Falar de abuso ainda é tabu, e as vítimas são ensinadas, pela sociedade, a se calar.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Escrever é fácil, quero ver você se expor.

     Sem dúvidas, chegou a hora de voltar. Muito mudei, de lá pra cá. Mas mudei mesmo, será? Sinto que sim, sinto que não. Sinto que mudanças vem e vão. Certamente amadureci e me tornei mais tolerante. Mas muitas vezes também me esqueci do que era mais importante.
     Eu, sempre me culpando e me vitimizando, passei anos agonizando. Hoje, aos poucos, começo a me libertar. As palavras sempre foram minha arma, não vou mais me calar! Tantos anos perdida, estou começando a me achar! Sei que há muita estrada, e muitos caminhos a percorrer. Meu senso de direção é falho, ainda posso me perder.
      Mas agora, acredito, vou me conhecendo mais e mais, aos poucos me libertando dos preconceitos mais triviais. Aqui quero me expor, em pensamento e sentimento. O que eu achar, vou falar, mesmo que no dia seguinte eu descordar. Sou inconstante, sempre fui. Mas não busco constância. Busco paz de espírito, busco leveza e me desprender da ignorância. Busco conseguir expressar em palavras o que me corrói a alma....
    ...e me libertar, assim, de mim mesma, pois só livre serei feliz, e só feliz serei livre.