Nem sei mais o que falar aqui. A verdade é que são tantas notícias, tantos absurdos, que se eu resolver relatar tudo, além de enlouquecer e me deprimir, perderei horas e mais horas. No geral, tudo continua igual. Bozo é um criminoso, genocida, monstruoso, horrendo. Se esforça a cada dia mais para por a população em risco, e estamos sem Ministro da Saúde há mais de um mês. Forçou uso de cloroquina para todos os casos de covid19, mesmo sendo comprovado que o medicamento é perigoso e não há indício nenhum de melhora no quadro causado pelo coronavírus. Agora ele está incitando seu gado a invadir hospitais públicos e hospitais de campanha, para filmarem seus interiores e fazer contagem de leitos. É tão absurdo que dói.
Bom, vamos aos números, de acordo com o google:
Brasil está com 928.834 casos confirmados, sendo 45.456 óbitos. O mundo está com 7.941.404 casos confirmados, sendo 434.796 óbitos.
A corrupção está correndo solta, a censura está dando as caras a cada dia de forma mais descarada, e os ataques à democracia são a cada dia mais intensos. Querem criminalizar o antifascismo, enquanto parafraseiam Mussolini. Não vejo um futuro promissor, mas espero estar enganada.
Só esperando mesmo, para ver o que este país vai virar. Ou restar.
A quarentena continua, sem previsão real para seu término. Conseguimos segurar um pouco a curva, mas não o bastante. Muita gente começou a furar a quarentena, muitas manifestações bostonaristas todas as semanas aglomerando pessoas nas ruas, pedindo fim do isolamento social, volta da ditadura, fechamento do STF e Congresso Nacional, entre outros absurdos fascistas, e o vírus voltou a se espalhar em maior velocidade. Hoje, no Brasil, já passamos dos 11 mil mortos e dos 170 mil infectados. E ainda vemos o Bozo indo às ruas, dizendo que vai fazer churrasco pra 3000 pessoas, passeando de jetski. É um descaso, um desrespeito sem fim às mais de 11000 famílias em luto. Já estamos no ponto em que nem todos em situação grave conseguem tratamento, e em que muitas pessoas morrem em casa sem conseguir atendimento médico. É uma tristeza enorme, de partir o coração de qualquer pessoa que tenha um.
As queimadas e o desmatamento na Amazônia estão em velocidade máxima, boa parte da população que precisa do auxílio emergencial prometido no final de março continua esperando, e a Secretária da Cultura está fazendo apologia à ditadura militar em entrevista à CNN. Infelizmente acredito que esse será nosso futuro, uma ditadura militar, com censura, tortura, desaparecimento de quem se opõe. A única explicação para as atitudes tão absurdas do Bolsonaro é abrir as portas para um regime autoritário. Ele não é louco, ele não é burro, ele está seguindo sua agenda original: reduzir ao máximo o número de população brasileira enquanto prepara o cenário para uma ditadura. Infelizmente a pandemia está facilitando e acelerando esse processo num nível inesperado. E sinto que não há o que fazer. Só esperar, mesmo.
Está cada vez mais difícil escrever sobre a quarentena. A situação está feia. Vamos aos números: quase 39mil casos confirmados no Brasil, com aproximadamente 2500 mortes pelo novo coronavirus. No mundo, já passa de 2 milhões e 400 mil casos confirmados da doença, e mais de 165 mil mortes.
Aqui em casa todos respeitam a quarentena e o isolamento social, eu saio só para comprar comida quando necessário, usando máscara, luvas, roupas fechadas e, dependendo da situação, até mesmo óculos de proteção. Estou de fato assustada, e tola seria eu se não estivesse, afinal os números são mesmo assustadores. E sabemos que tais números estão bem abaixo da realidade, já que temos incontáveis casos suspeitos que não são e nem serão testados. E os números que saem hoje no Brasil, costumam ser referentes há dias ou até semanas atrás, pois muitos testes demoram para serem processados.
No Brasil a situação política está realmente muito vergonhosa. O Bolsonaro continua com a mesma postura de um mês atrás, levantando manifestações contra isolamento, contra os governadores que impuseram quarentena, e contra qualquer um que estiver atrapalhando sua agenda genocida. Hoje mesmo ele organizou uma manifestação pedindo intervenção militar e volta do AI-5. Centenas de pessoas de verde e amarelo nas ruas, é tão vergonhoso que dói. Ainda sujam as cores de nossa bandeira com essa imundície assassina. Estou horrorizada!
Infelizmente não vejo esperanças para uma melhora em nosso cenário. Semana passada o idiotíssimo presidente demitiu nosso Ministro da Saúde, e colocou um monstrengo em seu lugar. Claro, o Mandetta de fato não é flor que se cheire, mas neste momento de crise ele estava aliado aos cientistas, aos fatos e às recomendações da Organização Mundial da Saúde. Ele estava orientando corretamente a população e os governadores, mas isso incomodou aqueles que são contra o isolamento, o que resultou em sua demissão. Como um chefe de Estado demite o Ministro da Saúde, num momento como este, por ele estar fazendo corretamente seu papel? É tão absurdo que parece fake news.
Eu não sei como ele conseguiu isso, mas o Bolsonaro fez uma lavagem cerebral muito eficaz em quem já tinha alguma simpatia por ele. Eu não acreditaria se não tivesse parentes próximos completamente fanáticos. Essas pessoas abraçam seu discurso, recheado de ódio, sem fazer nenhum tipo de questionamento, nenhum tipo de crítica. Cegamente eles seguem seu líder ao precipício. E pra eles, quem não for junto é petralha, vagabundo, comunista, ou qualquer outro termo que eles considerem pejorativo. Inclusive hoje vi um vídeo de um monstro de verde amarelo socando e chutando uma mulher na rua pois ela estava de vermelho. Olha o nível em que chegamos! E o escrotíssimo presidente certamente acha lindo, se pudesse daria uma medalha ao dito cujo. Ele, que já expressou misoginia incontáveis vezes, que já disse que se deve metralhar comunista, e que o erro da ditadura foi torturar e não matar, certamente está com o peito cheio de orgulho ao ver monstros de verde amarelo, cheios de ódio no coração, agredindo pessoas inocentes. É uma vergonha, uma vergonha sem fim.
Nos últimos 20 dias o número de casos confirmados triplicou no mundo, e o de mortes quadriplicou. E o genocida que é chamado de presidente insiste que é conspiração contra ele, que a mídia do mundo todo está mentindo e inventando números para quebrar o Estado e a economia brasileira. Não há nem o que dizer, afinal a razão não funciona com ele e com seu gado.
Dói muito ver o que estamos passando. Muito. E eu tenho sorte, tenho uma casa para morar, tenho a opção de me isolar, tenho comida, água, luz, internet, e estou cercada de amor. Mas boa parte da população do nosso país não está na mesma situação que eu. Boa parte está fodida. Jogada ao acaso. Sendo mantida silenciada, sem nem o mínimo para sobreviver em situações normais, muito menos num cenário de pandemia. Quantas mulheres, jovens e crianças não estão presas em casa com seus agressores? Infelizmente as estatísticas de violência doméstica durante a quarentena indicam que milhares... Se pelo menos o vírus fosse seletivo, matasse as pessoas más, os agressores, os assassinos... mas não, ele não diferencia, e a cada dia mais vemos que ele mata pessoas de todas as idades, de todas as origens, classes ou índole.
A impotência que eu sinto é sufocante. Sinto que não há o que fazer, que estamos a mercê dos monstros. Dos monstros e do vírus.
O que nos resta? Como sempre, resta nos protegermos, nos isolarmos, nos cuidarmos e esperar…
"Mas nossa, nem tá tão ruim assim... diziam que dia 1° de abril, a situação estaria bem pior do que está..." Então, ela está bem pior do que os números indicam, isso é certo. Outra coisa certa, é que os números estariam MUITO maiores se não tivesse havido quarentena, se as pessoas que podem, não tivessem ficado em casa. Acredito que tenhamos diminuído a curva, não sei se o bastante para nosso sistema de saúde, veremos nas próximas semanas.
Os números hoje são: 873 mil casos confirmados no mundo, sendo 5933 no Brasil. 43 mil mortes no mundo, 206 no Brasil.
A previsão não é nada boa. Especialmente porque a possibilidade de isolamento não é real pra muita gente. Tanto pelo trabalho, que não dispensou os funcionários, quanto pela realidade diária de dividir a casa com outra família, viver num bairro super populado, sem sistema de saneamento básico decente, sem estrutura, e sem o mínimo que o Estado deveria oferecer aos seus cidadãos.
O Brasil é um lugar maravilhoso, espetacular! Não temos vulcões, terremotos, tsunamis ou grandes furacões. Em nossa terra cresce o que plantarmos, temos natureza, e água em abundância. O que os humanos com poder e maldade fizeram do Brasil nos últimos séculos, desde que a Europa passou a ter conhecimento de nossa existência até os dias de hoje, é vergonhoso.
Destruíram e destroem cada vez mais nossa natureza, poluem nossas águas, matam, esfomeiam e exploram nossa população, caçam, traficam e exterminam os animais… em troca, temos torres e mais torres de concreto, cinza, triste, decadente, empilhando cada vez mais pessoas, que aos olhos do chorume, não passam de números.
Pessoas alienadas, cansadas, desesperadas. Em sua ignorância, elegeram um monstro, pior e mais feio que todos os monstros antes eleitos. A pior face do Brasil, enfrentando a pior fase que a humanidade recente já passou. E ele segue, desinformando a população sobre o vírus, propagando mentiras manipuladoras, e sujando suas mãos com sangue dos milhares que perecerão por causa de suas falas e atitudes irresponsáveis.
A coisa tá feia, e a tendência é piorar. Hoje, no Brasil, já temos 77 mortes pela covid-19, e 2915 casos confirmados de doentes. Esta semana começariam a testar mais gente, mas não sei se começaram de fato...
No mundo, mais de 510 mil infectados, e quase 23 mil mortes. Os números estão crescendo numa velocidade assustadora. Os dados mostram que depois do primeiro mês a situação começa a ficar realmente feia e a quantidade de pessoas afetadas pelo vírus cresce assombrosamente.
Estamos encerrando o primeiro mês hoje. O primeiro caso confirmado no Brasil foi dia 26/02, mas acredito que é possível que ele já estivesse por aqui passando despercebido, pois não tínhamos nenhuma estratégia real de contenção, e sim um alto número de turistas. Mas me questiono: se esse fosse o caso, durante o carnaval o vírus teria se espalhado de forma absurda e começaria a ter muitas pessoas procurando hospital, pessoas morrendo, não é? É. Mas grande parte das pessoas tem sintomas muito leves, ou sintoma nenhum. Alguns casos graves e mortes poderiam passar despercebidos, considerando que não se esperava contágio comunitário naquele momento. E não sei em até que ponto eu confio mas Secretarias e no Ministério da Saúde, ou nas informações que esses órgãos fornecem. Carnaval movimenta muito dinheiro, muito. Não seria interessante, para um governo que coloca a economia do país acima das vidas da população, cancelar o carnaval porque o Coronavírus chegou. Melhor segurar os casos. Hemos de nos lembrar quem é nosso presidente, e dos absurdos falados por ele dia 24/03 em rede nacional.
O esperado de um presidente racional, que quer tentar amenizar essa desgraça certa, seria reforçar à população a necessidade de ficar em casa, não sair, não socializar, se proteger, inclusive para proteger os mais vulneráveis. O esperado seria que ele anunciasse medidas de assistência social, informasse a população sobre os dados científicos e apresentasse uma estratégia coesa, em unidade com os estados, de contenção de propagação do vírus e preservação das vidas brasileiras. Ao invés disso, o presidente do Brasil, famoso mundialmente por ganhar a eleição na base das fake news, declarou descaradamente que o vírus era nada demais, nada pior que um resfriadinho ou uma gripezinha (sim, no diminutivo mesmo, pra realçar o quão insignificante ele considera essa pandemia com mais de 22 mil mortes em menos de 4 meses), que ele, pelo seu "histórico de atleta" (palavras dele, claro), não sentiria nada se pegasse a doença. Ele não só diminuiu falsamente a gravidade dessa pandemia, mas incentivou que as pessoas que não fossem grupo de risco saíssem de casa e voltassem à normalidade (novamente, palavras dele). Porém as pessoas que não são grupo de risco tem familiares que são, e sem querer podem levar o vírus pra dentro de casa e contaminar quem amam.
É cientificamente comprovado que a mais eficiente forma de diminuir o avanço de número de casos é mantendo as pessoas em casa o máximo possível. Seu discurso criminoso foi contra todas as recomendações da OMS e do próprio Ministério da Saúde Brasileiro. Ele e governadores das regiões mais afetadas estão em pé de guerra, pois ele teima que tem que reabrir escolas, liberar as igrejas para receberem fiéis em cultos e missas, reabrir o comércio não essencial (estamos em quarentena no estado de SP desde terça, só comércio essencial pode funcionar), etc. Tudo pelo bem do capital, custe quantas vidas custar...
Bolsonaro mostra a cada dia mais que sua meta real é matar o máximo de gente possível antes de sair do poder. Com esse pronunciamento, ele pode bem ter conseguido matar vários, só me resta torcer que em maioria sejam seus fiéis seguidores, que optaram ouvir a ele e não os especialistas.
E à nós, meros mortais, não resta o que fazer a não ser FICAR EM CASA, se possível. Quem tem esse privilégio de poder se isolar em quarentena, precisa ficar em casa. Assim também ajudamos a proteger aqueles que não podem, quem trabalha em comércio essencial ou na área da saúde.
Fique em casa, se cuide, reflita, estude, leia, se movimente, e tente se voltar para dentro de si, exercite o auto-conhecimento neste momento, e saia dessa fase uma pessoa melhor, mais completa e que se ama por inteiro.
No meio tempo, com forte sentimento de impotência, nos resta esperar...
Que coisa é doida, né? A gente meio que não acredita. Vê a situação se desenrolar em frente aos nossos olhos, mas se nega a acreditar no que os dados afirmam. O novo coronavirus surgiu no final do ano passado, vimos milhares de pessoas morrerem na China, no Oriente Médio, na Europa, e acreditamos que estava tudo bem, como se brasileiro fosse imune à doença. Tivemos o privilégio de ter carnaval este ano, e foi um privilégio mesmo, pois na velocidade que esse vírus se propaga, e na quantidade de turistas que o Brasil recebe no verão, tudo indicava que sucumbiríamos antes. Mais de 4000 mortes na Itália. Mais de 3000 na China, e mais de 10000 mortes no mundo. E o Brasil viajando na batatinha (ou seria laranjinha), dizendo que o vírus era fantasia, ao invés de começar a estocar testes e se preparar de fato para a doença que todos os dados e fatos indicavam que chegaria em breve. Agora, não temos mais testes, e só casos graves que necessitam internação serão testados. Isso provavelmente quer dizer que os mais de 900 casos que temos registrados são em grande maioria casos graves. Tenho amigos e conhecidos de amigos com sintomas do covid19, muitos relatos angustiantes. Desses relatos, somente uma idosa que está internada conseguiu o teste, e ainda com muito apelo da família. É um descaso enorme, a própria OMS já anunciou que é importante testar todos os casos suspeitos. Para nosso governo é claro que é muito conveniente, pois os números oficiais ficam bem menores que os reais. Complicado e assustador, na verdade.
Brasil está com 11 mortes, por hora, mas muitos idosos internados com a doença. E ainda tem gente que não acordou!! Ainda tem gente que não liberou os funcionários! Ainda tem gente mais preocupado com o capital e prejuízo do que com a vida das pessoas!! Eu sei, infelizmente precisamos de dinheiro para viver, mas com essa pandemia, estamos num momento de fazer sacrifícios. Fechar as portas, liberar os funcionários, cuidar da própria casa e da própria comida, orientar a todos a se manterem em isolamento, e esperar.
...E então o tempo passou tão rápido que ele nem se deu conta dos fios brancos em seus cabelos. E assim foi vivendo, sofrendo, sendo. Até que não mais. Podia ter gostado de viver, podia ter aprendido, podia ter amado, podia ter aproveitado. Mas não. Diante de seus olhos frios, sua vida passou, e então, se esgotou. Agora seu corpo em decomposição nada mais pensa, nada mais sente, nada mais vive. Só fede.
Amigos recém formados, universitários ou prestes a se formar. O assunto mais comum em nosso grupo é simplesmente o assunto que mais temo, que me assombra diariamente. Ao pensar nisso minha vontade é sumir, e sumida me manter. Não gosto do futuro, não gosto da idéia de tomar decisões tão importantes. Não gosto nem mesmo de escolher que filme assistir numa quarta-feira. Talvez eu dê mais importância do que mereça, mas sinto essa cobrança no mais profundo de minha alma, uma cobrança interior. Minha insegurança continua me lembrando que não importa o que eu decida, não vou ser o bastante. Porém minha arrogância e meu orgulho querem mais. Não agüento isso. Não por mais tempo. Medo, sinto muito medo.
Desde que cortei animais mortos da minha alimentação, me sinto outra pessoa. Parece que tenho mais energia, mais vitalidade! Não sei se é meu corpo me agradecendo, ou se é só minha mente mais feliz e minha consciência mais leve... Só sei que minha qualidade de vida, nessas duas semanas, já melhorou muito. Tenho comido coisas mais saudáveis, e uma variedade maior de alimentos.
Hoje me aventurei a adaptar uma receita de Chili que eu costumava fazer usando vaca moída. Desta vez, utilizei a proteína texturizada de soja. A PTS é uma inimiga minha de longa data, desde meus 18 anos, quando parei de comer carcaças pela primeira vez. Só recentemente estou aprendendo a prepará-la corretamente. Já desperdicei muita proteína por não lavar direito, não espremer direito, ou não hidratar o bastante. Muitas refeições frustradas na primeira mordida!! Mas hoje, pela primeira vez, consegui cozinhar usando PTS e ficou perfeito. Tão perfeito que vim compartilhar esta receita.
Chili vegetariano
Ingredientes:
1 xícara de proteína texturizada de soja FINA
½ xícara de shoyo
1/3 xícara de azeite
1 colher de sopa de vinagre (usei branco)
1 cebola pequena picada
3 dentes de alho picados
1 pimentão picado (usei o verde)
3 pimentas dedo de moça picadas (sem semente)
500g de feijão carioca cozido sem tempero e sem caldo (pode ser de caixinha, mas é importante ser sem tempero)
1 lata de 390g de tomates pelados em cubos
1 caixinha de 130g de extrato de tomate
1 colher de chá de cominho
Pimenta do reino a gosto
Molho de pimenta vermelha a gosto
Salsinha fresca picada a gosto
Modo de preparo:
Primeiramente, é preciso hidratar a proteína de soja. Misturar 1 xícara de proteína com 2 xícaras de água, e reservar por 30 minutos. Depois, escorrer numa peneira e apertar bem a soja (ela é uma esponja, quando aperta sai bastante água), lavar na água corrente, sempre espremendo e enxaguando (ela tem um gosto de ração, e assim deixamos o gosto o mais neutro possível, para absorver o tempero).
Quando ela já estiver bem limpa, esprema bem e separe numa tigela. Adicione o shoyo, o azeite, o vinagre, a cebola e o alho picados, e deixe curtindo. Quanto mais tempo, mais saboroso. Eu deixei por 2 horas.
Numa panela, derreter uma colher de sopa de margarina, e adicionar a proteína com os temperos. Refogar um pouco e deixar curtindo no fogo baixo, com a panela tampada, por uns 5 minutos, pelo menos. Adicionar o pimentão e a pimenta. Mexer, tampar e deixar mais um tempinho curtindo. Adicionar o feijão, misturar bem, e então adicionar o tomate e o extrato de tomate.
Adicionar o cominho, a pimenta do reino e o molho de pimenta. Misturar tudo muito bem. Acertar o sal – e a pimenta. Deixar fervendo por pelo menos 15 minutos, mexendo com frequência pra não queimar o fundo. Você vai ver como ele vai encorpando conforme ferve. Desligar o fogo e adicionar a salsinha picada.
Chili vegetariano
Servir com nachos, arroz, purê de batata, wraps, guacamole, ou o que te apetecer. Como eu ainda não superei minha vontade de queijo, complemento com queijo mussarela ralado por cima. Alguma indicação de mussarela vegana boa e barata?
Semana passada eu fiz hambúrgueres deliciosos de lentilha. Me surpreenderam! Textura incrível, e super saborosos. Foram simples (e baratíssimos) de fazer! Amei. A lentilha precisava ficar desmanchando, mas como optei por não usar panela de pressão, nunca chegava no ponto (horas no fogo!!), e cansei. Quando já estava bem cozida, mas ainda firme, desliguei o fogo e bati um pouco com o mixer. Virou um creme bem denso e grosso. Deixei esfriar. Depois de frio, juntei cebola picada, salsinha picada, cominho, pimenta do reino, mostarda, gengibre ralado espremido (só o líquido), shoyo e sal. Misturei bem e adicionei farinha de rosca até dar ponto para manusear e moldar os hambúrgueres. Moldei tudo, sempre umedecendo as mãos, e deixei no congelador até que ficassem firmes e eu pudesse embalar um a um, para então congelar. Cozinhei 500g de lentilha, mas congelei também uma parte sem tempero pra outra hora. Acho que usei uns 300g. 300g de lentilha renderam uns 25 hambúrgueres! Os que fritei antes de congelar foram sucesso absoluto, porém ontem tentei fritar um congelado e não deu muito certo, ele se desfez. Mas continuou gostoso! Hehe. Logo eu descubro o truque! Mas que é libertador fazer e comer um hambúrguer delicioso e livre de morte, com certeza é!
Fora os hambúrgueres, esta semana comi tomate recheado, shimeji com purê de batata (delícia!), batata recheada, raviolli de queijo ao molho branco, tapioca com queijo branco, espaguete ao sugo, e bastante alface, o que não comia fazia tempo. Agora estou louca para testar uma receita de kafta com proteína texturizada de soja. Nham.
As pessoas têm enorme dificuldade em conceber o quão libertador é, pra mim, parar de comer carne. “Mas como restringir sua alimentação pode ser libertador?” Então, eu não estou fazendo uma dieta, ou algum tipo de greve alimentícia, eu simplesmente assumi pra mim mesma o quanto eu NÃO quero comer animais mortos. Caiu minha ficha, de repente tudo fez sentido, e continuar a comer carne por mera convenção e comodismo é o que seria limitador (e dor) para mim. Essa clareza me libertou, e é um sentimento que não consigo explicar.
E ao mesmo tempo, por eu já ter tido uma epifania semelhante na adolescência, é libertador no sentido de eu estar enfrentando meu conformismo e vivendo de acordo com meus valores (e amores). Sabe quando você precisa fazer algo muito, muito importante, mas a preguiça é maior, e você empurra com a barriga pra sempre? Então, com a epifania matei essa preguiça, e tive motivação pra me organizar de forma que a carne não faça falta. E quando falo "faça falta", me refiro somente a níveis nutricionais, pois com a epifania, meu apetite por carcaças sumiu. Não preciso de muito, é só pensar um pouco sobre a origem do que vou comer que já fica muito fácil não comer corpinhos de bichinhos.
Com muita dor no coração, hoje tivemos que nos despedir do Ban. Depois de 7 meses lutando contra um câncer muito agressivo no fucinho, depois de muitas quimios, remédios, petiscos, amor, carinho, passeios, visitas, alegrias e mais amor, o Banzah se foi. Deixou um vazio em nossos corações, uma dor absurda. Mas com a dor veio a paz de espírito por saber que seu sofrimento acabou. A paz por saber que agora ele está descansando, e que haja o que houver após a morte, só haverão coisas boas para ele, afinal ele sempre foi um cachorro maravilhoso! Dócil, meigo, carinhoso, companheiro, inteligente, amoroso... O melhor cachorro que já existiu!!!
Vai deixar muita saudade pra muita gente, ele sempre conquistou a todos e foi muito amado. Descanse em paz, meu amor!
Hoje, finalmente consigo dizer que não como mais carcaças. 3
semanas me preparando, não psicologicamente, mas logisticamente. No dia da epifania
eu tinha um freezer cheio de corpos. 2kg de peito de galinhas, 500g de picanha,
400g de coxão mole, 1 caixa de hambúrgueres, 2 caixas de nuggets, 1 pacote de
salsicha, 3 linguiças calabresa. No vegetables, though... Coisas o bastante
para sobreviver o resto do mês, obviamente não de forma saudável. Comi nesses
dias corpinhos de animais – coitados, sofreram tanto - como comi nos últimos
anos. Mas nestas semanas, diferente de antes da epifania, senti dor em cada um
deles. Perdi o apetite inúmeras vezes, senti nojo. Nojo de mim mesma, me
forçando a comer carcaças, como que me despedindo desse hábito macabro. Nojo da
indústria da carne, que “nos faz” engolir morte e destruição como se fosse ok, uma
coisa essencial em nossas vidas. Não, não é ok.
Claro que o plano, a longo prazo, é abolir ovos e laticínios
também, porém decidi não cortar tudo de uma só vez pois preciso me adaptar. Como
eu sou daquelas que, se bobear, não come nada (ou come muito mal - mês passado
vivi por 3 dias comendo só tapioca com queijo. Não recomendo), hoje estou
elaborando um cardápio para os próximos dias. Para me ajudar a me alimentar
adequadamente, vou ao mercado e, ao invés de comprar de tudo e ver um monte de
coisa estragar (como eu costumava fazer), resolvi comprar só o que eu pretendo
usar nos próximos dias, economizando e evitando desperdício.
Pelas coisas que escolhi, percebi que vou comer muito melhor.
Sem dúvidas, chegou a hora de mudar.
Tenho que viver de acordo com meus valores, caso contrário estarei morrendo todos os dias. Viver morrendo não é para mim. Eu gosto é de viver vivendo, e vivendo muito!
A conveniência e o conformismo parecem cômodos, mas a longo prazo nos corroem. É muito fácil ceder e aceitar o que vem fácil, e é difícil se reabituar, se reensinar, e se readaptar. Não é fácil negar os costumes, muito menos os prazeres. Mas é essencial colocar a mão na consciência e se perguntar qual o custo deles. Qual o custo? Não só para seu bolso ou sua saúde, mas para o mundo. Não só para o mundo, mas para os indivíduos.
Para você, aquele hambúrguer é uma delícia, mas ele vem recheado de dor, morte e egoísmo. Dor, morte e egoísmo. Aquele hambúrguer, como se não bastasse ser um animal morto, é um animal morto que teve uma vida miserável, sofreu cada minuto de sua existência, viveu preso, sapateando na própria bosta, entuxado de remédios e antibióticos. Ignoraram suas necessidades, o transformaram num objeto sem emoções. Mas uma vaca não é um objeto. A vaca, o boi, a galinha, o galo, o porco, a porca, eles são animais. São seres vivos que tem emoções. São seres vivos que sentem dor.
Amor seletivo é complicado. Você morre de amores pelos cachorrinhos abandonados, sofrendo na rua, mas chega em casa e come aquele bifão? E sua consideração pelo bicho que viveu e morreu para você comer? E seu amor, onde foi parar? Eu cansei de ser hipócrita, cansei de dizer que amo a vida, amo a natureza, amo os bichos e continuar me alimentando dos pobres animais. Viver de corpos mortos não é amor. É pura dor.
Vou sofrer para reeducar minha alimentação? Vou. Mas com certeza vou sofrer menos que todos os animais que já sofreram para estar no meu prato. Vai ser difícil? Vai. Mas viver é difícil. E como tudo na vida, com o tempo fica mais fácil. O importante é que, estando de acordo com minha consciência, eu sei que viverei melhor e com mais leveza. A dificuldade inicial, além de passageira, é supérflua.
A carne não mais me alimenta. O amor me alimenta, e não a dor. A vida me alimenta, a natureza. Não a morte alheia, nem a tortura ou o sofrimento. E não são só emoções que me fazem ter esta escolha, a razão tem grande papel nesta decisão. Pela minha saúde e pelo mundo!
Há duas semanas eu vi um vídeo que me comoveu muito: https://www.youtube.com/watch?v=BZPZD1JV5QQ
O vídeo é sobre chipanzés que reencontram, 18 anos depois, a mulher que os reabilitou após passarem 6 anos em cativeiro, em um laboratório. 6 anos sem luz do sol, uma vida sem pisar na terra e respirar ar puro. Foi quando eu pensei nos animais amontoados, dormindo, comendo, vivendo e morrendo em espaços minúsculos, literalmente na bosta. Nascem e morrem só conhecendo dor e bosta. Então o que eu sempre soube que iria acontecer, aconteceu: O momento da epifania!
Finalmente me vi lutando contra minha hipocrisia e meu egoísmo. Há anos eu decidi fechar os olhos e comer animais mortos como se fosse OK, mas há uma década eu já sabia que não era OK. Em algum momento, de meus anos vegetarianos na adolescência até agora, eu desisti. Desisti e cedi ao fácil. Só a crueldade já seria o bastante para me fazer acordar, mas de alguma forma o desânimo e a desilusão me venceram, e por anos cedi calada. Mas ultimamente tenho refletido muito. Especialmente sobre a morte. A morte e a vida.
Os últimos anos têm sido anos de amadurecimento, crescimento e autoconhecimento. Foram tempos marcados por dor e morte. Ainda são, com toda a situação do Banzah. É como se eu sentisse, agora, a responsabilidade por todas as carcaças que eu ingeri ao longo de minha vida. Então, simples assim, chegou a hora de mudar! Mas, diferente de como foi quando eu morava na casa de minha mãe, e a santa Vilma fazia almoço todo dia, para cortar os defuntos da minha dieta hoje, eu preciso de planejamento.
Me parece a corrupção máxima humana, num nível quase diabólico, vivermos desde crianças nos fazendo dependentes de uma dieta baseada na morte. Literalmente, nos alimentando da carcaça de animais. Se você pensar bem, chega a ser macabro.
Eu tenho visto uma tendência muito grave nas redes sociais de
algumas mulheres inteligentes e feministas agindo como se quisessem se igualar
aos machinhos machistinhas bostinhas. Frequentemente vejo algum post foda,
relatando algum caso sério (que poderia servir para uma análise mais profunda
da situação da nossa sociedade machista e como ela afeta mulheres e homens), e
quando vou sedenta aos comentários, vejo várias mulheres atacando aos homens de
forma muito generalizada e ofensiva. Sexismo puro. Sabe quando falam que mulher
só sabe dirigir fogão? Então, toda mulher sente uma revolta dentro de si ao
ouvir essas palavras. Como vocês acham que os homens que tentam ser decentes se sentem quando dizem que
TODO homem é fdp, ou que TODO homem é lixo, ou que TODO homem é um estuprador
em potencial? A verdade é que as coisas só estão assim pois a sociedade até
hoje sempre viu homem como homem, mulher como mulher, gay como gay, negro como
negro, enquanto só deveria se preocupar em ver gente como gente. Mas não, muita
gente é tratada como lixo, muita gente é menosprezada, subestimada, calada,
abusada, maltratada. Quem não consegue
ter essa visão de que somos todos meros humanos, iguais em essência, usa “desculpas”
esfarrapadas para seu ódio (“ah, seu viado, vai dar o cu”, “mulher no volante,
perigo constante”, etc.). Quem não consegue sentir empatia por quem é de outra
cor, outro gênero, outra orientação sexual, acaba se tornado o tão odiado
HATER.
Quem nasceu com vagina cresceu ouvindo haters hating. Toda mulher já ouviu que
seu lugar é na cozinha, mesmo que tenham falado “brincando”. Toda mulher já foi
objetificada por homens. Toda mulher já teve medo de ser estuprada ao andar sozinha
em algum lugar deserto. Toda mulher cresceu sofrendo lavagens cerebrais, dentre
elas de que um filho é responsabilidade maior da mãe do que do pai. Toda mulher
já se martirizou tirando as sobrancelhas, fazendo depilação ou aguentando algum
evento interminável sobre saltos altíssimos (mesmo que uma vez na vida tenha
bastado para aprender que dor nenhuma vale a pena se for SÓ pra ficar mais
atraente para a sociedade. Minha avó dizia que às vezes, para a mulher ficar
bonita, ela precisa sofrer. Nunca tive a oportunidade de perguntar, mas bonita
pra quem?). Enfim, toda mulher já passou maus bocados por causa do machismo e
da tendência que nossa sociedade tem em querer calar, ao invés de ensinar, em restringir
mentes, ao invés de ampliá-las. Mas isso não dá direito às mulheres de serem
cuzonas. Na boa, eu acho muito grave a mulherada dizendo que todo homem é um
estuprador em potencial. Ou falando que homem é ruim, homem é egoísta, homem é
violento, homem é agressivo... Muitos
homens são tudo isso, assim como eu conheço mulheres agressivas, mulheres más,
mulheres egoístas... Enfim, a ruindade, assim como a bondade, é parte do ser
humano, e não de um gênero.
O que podemos analisar é o fato de mulheres e
homens crescerem na mesma sociedade machista, uma sociedade que interage de
forma preconceituosa com cada indivíduo, prevendo gênero, cor, orientação
sexual, renda, linguajar, vestimenta, várias coisas. Essa sociedade (leia-se
família, vizinhos, professores, colegas, desconhecidos no metrô, etc.) trata as
pessoas, desde bebês, de formas diferentes dependendo do órgão sexual com que
nasceram. Meninos crescem tendo que suprir uma cobrança dos pais para serem machinhos
machistinhas nojentos.
É muito comum, desde criança, o pai passar a mão na
cabeça do menino “namorador” (o que é ridículo, afinal criança não namora,
criança brinca), falar que homem não chora, falar das “vagabundas”, objetificar
toda mulher que vê, realçando as “qualidades” pro filhão entender como funciona
ser machão machistinha de merda. E quer saber? A maioria dos machos se acomoda.
É bem cômodo viver numa sociedade que passa a mão na sua cabeça sempre. Numa
realidade em que mamãe vai sempre fazer sua comidinha, até você casar... aí é a
“sua mulher” (olha só quanta posse nessa expressão) que vai te alimentar,
cuidar de você, das suas coisas, da sua casa, dos seus filhos. E o homem? Ao
homem cabe proteger a família, assistir futebol e beber a cervinha depois do
trampo, afinal homem também é filho de deus (“amooor, aproveita que você tá na
cozinha terminando o jantar e traz uma cervejinha pra mim, traz?”).
Mas nós, feministas, não nos conformamos com esse “ideal”
descrito acima. Graças à muita luta de várias gerações, hoje a sociedade é bem
mais suportável para a mulher. Como já disse, continuamos sofrendo assédios (muitas
vezes graves), ouvindo piadinhas escrotas, sofrendo imposições estéticas com
requintes de tortura, e tendo nossos mamilos ao mesmo tempo censurados e
objetificados (apesar de serem exatamente iguais aos mamilos masculinos). Ainda
está longe do ideal, mas pelo menos hoje o homem que bate na companheira em
casa, quando exposto, é malvisto e pode ir preso. O estuprador idem. (Devemos
lembrar que até pouco tempo não existia no Brasil leis que defendessem as
mulheres da violência doméstica, e até outro dia os pais de uma menor estuprada
podiam obriga-la a casar com o estuprador para manter seu nome “limpo” e evitar
cadeia ao criminoso*). Na verdade, ganhamos várias batalhas, e a situação
feminina melhorou muito, comparada ao que era.
Porém, com toda essa revolta (não só histórica, mas por tudo que fomos
submetidas desde que nascemos), é preciso tomar muito cuidado para não nos
tornarmos “iguais” aos machistinhas de merda que tanto odiamos. Os homens,
apesar da criação bem bosta que a maioria teve, são só pessoas. Pessoas, que
como nós mulheres, sofreram lavagem cerebral desde que nasceram. A maioria dos
homens com quem eu tenho contato está cada vez mais atenta aos seus hábitos
machistas, está cada vez mais atenta às injustiças e às merdas que outras
pessoas fazem/falam. Essa maioria com quem tenho contato se esforça todo dia pra
não ser um machinho machistinha de merda, e se todos os homens se esforçassem
assim, a sociedade já seria melhor do que é. Mas ao xingarmos e excluirmos
essas pessoas conscientes, estamos excluindo possíveis aliados nessa batalha.
Pense num homem que tenta ser uma pessoa melhor a cada dia, que trata as
mulheres com respeito, que tenta conscientizar os amiguinhos menos esclarecidos
sobre suas atitudes machistas. Aí ele está lá, lendo os comentários de um texto
feminista fodão com o qual ele concordou com todas as palavras, e se depara com
comentários extremamente sexistas, generalizando todos os homens e esquecendo
que eles, como nós, são meros humanos, cheios de defeitos, perdidos e
aprendendo toda hora. Aí esse cara
legal, cabeça aberta e feminista, se vê colocado no mesmo patamar de um estuprador,
de um agressor ou mesmo daquele primo idiota que só fala bosta, pelo simples
fato de ter um pênis. Eu, no lugar desse homem, sentiria raiva dessas mulheres.
Assim como eu, mulher, sinto raiva das pessoas que falam alguma bosta
generalizando as mulheres (como quando meu ex-chefe falou que uma empresa só
com mulheres é difícil porque mulher fofoca muito e trabalha pouco. OI?)
Esse homem, que mesmo entendendo o motivo da revolta das mulheres nos
comentários, acaba se sentindo excluído da luta, e pior, sendo visto como o
inimigo (sendo que a luta feminista não é contra os homens, e sim contra a
sociedade e seus valores ultrapassados). Esse homem, se não for muito
resiliente, tende a abandonar o feminismo e voltar à sua posição confortável de
machinho – e muitas vezes machistinha. Como isso ajuda a sociedade a se tornar
uma sociedade melhor? Não ajuda. Só a estagna nesse momento bem bosta em que
vivemos.
Então, queridas e adoradas feministas, vamos lembrar que nossa luta também é
pela empatia, e não é abrindo mão dela ao confrontarmos os homens que vamos
melhorar nossa sociedade.
*Uma matéria que me chocou muito quando li há foi uma
semelhante a esta, do BBC Brasil: http://soumaiseu.uol.com.br/noticias/solidariedade/fui-obrigada-a-casar-com-o-meu-estuprador-aos-13-anos.phtml#.WYIw0ogrKUk
Todos nós somos vítimas de uma sociedade cruel. Cheia de estigmas e de padrões ridículos, esta sociedade nos quebra e nos molda todos os dias, fazendo-nos perder sonhos, envenenando nossas essências e corrompendo nossas almas.
Desta sociedade que abrange tantos substantivos, um que quebra nossas pernas todos os dias é o machismo. O machismo é um tapa na cara de todos os indivíduos. Nenhum escapa. Somos todos vítimas dele. Mulheres ou homens. Claro que a opressão histórica (e contemporânea) que a mulher sofreu (e sofre) é muito maior (e mais violenta), porém falar que o homem não é vítima do machismo é um grande engano. Qualquer sexismo é prejudicial para todos os gêneros.
Antes de mais nada, acho importante frisar que a ideia de gêneros, de menino e menina, de homem e mulher, é só mais uma convenção social, uma herança de tempos passados. Hoje já não há a necessidade de diferenciar quem tem pênis de quem tem vagina. Na sociedade de hoje, onde há uma luta constante contra qualquer tipo de opressão, não há espaço para gêneros. Não havendo gêneros, não há orientação sexual, nem seus tabus, e os seres humanos finalmente viram livres para serem pessoas capazes de amar outras pessoas.
Quando as pessoas tiverem essa liberdade de amar outras pelo que são, e sem o preconceito inicial que o gênero cria, elas também serão livres para se vestir como quiserem, falar e se expressar da forma que quiserem. Ninguém vai ter que se provar macho ou feminino, e todos serão livres para serem quem são, sem julgamentos, expectativas, preconceitos ou estigmas. Pessoas com seios poderão sair sem camisa sem serem sexualizadas, pessoas com barba poderão trabalhar usando maquiagem sem serem ridicularizadas. Se depilar, as roupas e sapatos a usar, e tudo mais, dependerá somente da vontade de cada pessoa, e nossos gostos finalmente não serão moldados por uma sociedade sexista e opressora.
Sei que isso parece utopia, mas não precisa ser. Depende só do que vamos passar para as próximas gerações. Sonho com um futuro no qual crianças consigam crescer livres desses estigmas, possam brincar do que bem entenderem, e se vestirem como se sentirem melhor. E que adultos mantenham essa mesma liberdade.
Mesmo sabendo disso tudo, com frequência me encontro lutando contra mim mesma. Um exemplo: Tenho tido vontade de cortar meu cabelo bem curtinho, mas sempre que cogito essa ideia, me flagro pensando na importância, então, de começar a me maquiar, como que, inconscientemente, querendo compensar a falta de feminilidade do corte. Mas isso, na verdade, é um absurdo! Afinal, meu cabelo, maquiagem ou minha aparência, não importam - ou pelo menos não deveriam importar. E assim, nossa essência - que é o que importa - se perde todos os dias, quando aceitamos nos moldar a esta sociedade vil, por mero medo de nos expormos.
Um conhecido me disse uma vez que a cultura do estupro não existe no
mundo ocidental ou ocidentalizado. Ele me disse que o estupro é contra a lei,
logo não tem como ser algo cultural. Ele me disse também, em outra ocasião, que
havia uma menina na escola dele, que até era legal, mas que foi taxada de vadia
e vagabunda porque um dia ela saiu com os amigos, ficou muito bêbada, e deu pra
todos, rolou a maior putaria. Os ditos “amigos” da menina saíram contando a história
pela escola, contando inclusive que ela estava alucinada, e nem sabia o que
estava fazendo de tão louca. Agora péra. Só eu acho que a menina foi estuprada?
Pois se ela realmente estava tão louca assim, não existe consentimento aceitável.
Belos amigos, hã? Como se estuprá-la já não fosse bosta o bastante, ainda
criaram o estigma de “vadia” pra ela, um estigma que 10 anos depois ainda é
lembrado. Uma menina adolescente em pleno desenvolvimento emocional é forçada a
passar por isso, e todo mundo dá risada? Pior, todo mundo aceita. Os
estupradores saem lindos na história, e a vítima é excluída em seu meio social.
“Ahh, mas a menina nunca falou que foi estuprada!” Ok. E daí? A pessoa que apanha do companheiro
em casa toda semana, há anos, e não fala pra ninguém por medo, insegurança, amor,
ou qualquer motivo que seja, não é vítima de abuso em sua própria casa? Só
porque ela não anuncia esse abuso, ele não existe? Calma lá, né?!
Agora, vamos pensar... estupro é ilegal, estupradores são mal vistos na sociedade,
dizem que até na cadeia estuprador sofre mais. Legal, estupro não é bem aceito.
Muito bom. Mas então, como que um grupo de rapazes fazem sexo com uma menina
que está tão bêbada que não sabe nem o que está fazendo (ou seja, a estupram),
e saem contando pra todo mundo, como se fosse algo a se gabar? Pra mim fica
claro que esses meninos não se identificavam como estupradores. Se identificavam
como sortudos que acharam uma mina fácil. Não identificaram a situação como
estupro, pra eles era a ordem natural das coisas.
Então é assim? Rola um estupro em grupo, os estupradores se gabam do estupro
para seu meio social (no caso, os colegas de escola), a vítima é marginalizada
(excluída em seu meio, e sofre preconceito), as pessoas escutam a história e
não conseguem identificar o estupro, e não existe cultura do estupro no Brasil?
Por isso que acho muito importante a divulgação de informação que a internet e
as redes sociais nos proporcionam, pois as pessoas precisam aprender a
identificar essas situações. Se aqueles meninos tivessem tido contato com essas
informações, e conseguissem identificar a situação em que estavam, talvez o
estupro não tivesse acontecido. E se tivesse, eles provavelmente não se
gabariam disso na escola, e saberiam que são estupradores. A vítima saberia que
foi estuprada, e talvez fosse acolhida ao invés de excluída.
Ainda se esse caso de estupro grupal considerado proeza
masculina fosse o único, seria menos mal. Mas não. Na minha realidade, além
desse que me foi contado, já soube de outros 2 estupros grupais, envolvendo
pessoas conhecidas, nos quais as vítimas foram taxadas de vagabundas e os
estupradores de machões comedores boazudos. Fora os outros inúmeros casos que
acontecem, alguns aparecem no jornal, outros as redes sociais nos mostram. O
caso é que a cultura do estupro existe sim, e precisa ser combatida. E ela está
presente em todas as classes sociais. Conscientização é o primeiro passo.
Treinar empatia é o segundo.
Cada um tem a sua realidade. Isso é fato. Empatia é a
capacidade de se colocar na realidade de outra pessoa, e identificar como essa
pessoa deve se sentir em relação a determinado circunstância. Hoje em dia
ninguém mais exercita a empatia. Não sou médica ou pesquisadora, mas me parece
que quando exercitamos a empatia, exercitamos uma região específica do cérebro,
uma região que se fortalece conforme exercitada, já que o cérebro é um músculo,
se tornando mais fácil acessá-la com o tempo. Ao meu ver isso faz muito
sentido, pois percebo em minha realidade que pessoas que foram ensinadas a
exercitar a empatia desde crianças, sentem muito mais facilidade em se
colocar, de fato, no lugar de outra pessoa e sentir, de fato, o que é provável
que a pessoa esteja sentindo. Ensinem seus filhos, desde criança, a se colocarem
no lugar de outras pessoas. Faz bem pra
eles e faz bem pro mundo.
Edit 06/09/2017: Alguns dias depois de postar este texto, fiz uma observação no face que virou um texto por si só, complementando este. Segue abaixo:
Tem gente que acha que a cultura do estupro não está presente no Brasil. Tem gente que acha que a cultura do estupro só existe no mundo oriental, que só a ISIS propaga essa cultura. Tem gente que acha que até existe cultura do estupro no Brasil, mas que ela se mantém na periferia, que a classe média não aceita essas coisas.
Refletindo sobre esse tema, escrevi um texto tentando mostrar às pessoas como essa cultura do estupro ainda existe, e mais perto do que pensamos.
À quem tiver interesse de ler o -outro- texto, deixo o link aqui nos comentários. À quem acredita que a cultura do estupro está extinta, peço que reflitam e que respondam a si mesmos algumas perguntas: Quando vocês eram adolescentes, houve alguma história de alguma menina que ficou muito louca e vários meninos "pegaram"? Essa menina ficou taxada de vagabunda?
Sei de ao menos uma história assim, só no meu condomínio. A menina, que estava muito bêbada, foi largada no lago do condomínio, depois de ao menos 3 terem abusado dela. A história foi contada como se ela fosse a vadia e os estupradores os fodões. Nada foi feito.
Na minha escola, desde a minha quinta série até a sétima, uma colega sofreu abusos diários, pois era a menina com o corpo mais desenvolvido da turma. Os meninos passavam a mão em seus seios e bunda, sem autorização. Eles apertavam seus seios e a chamavam de leiteira. Ela não sabia como reagir, e com o tempo começou a achar que esses atos de abuso eram sinais de que eles gostavam dela. Novamente, nada foi feito.
Alguns desses mesmos meninos, na sexta série, se masturbavam em sala de aula durante as aulas de matemática (na qual havia uma professora que achavam "gostosa"). Eles eram nojentos. Eu, que sempre fui crítica e nunca fui de me calar, não aceitei aquilo, e fiz o que senti que podia fazer: contei para a professora. O que aconteceu? Alguns meses depois ela saiu da escola. E os meninos? Impunes. Eles, meninos de 12 anos, precisavam de orientação. Houve alguém que explicasse o que estavam fazendo e abrisse seus olhos? Não. Não aconteceu nada. Gente, isso é inadmissível!!!
Agora vocês se perguntam onde estava a coordenação enquanto essas coisas aconteciam? Bem, a coordenadora da época, uma baita incompetente, estava com implicância comigo, me acusando de promíscua, dizendo que eu me insinuava pros meninos e fazia strip-tease. Esses boatos - que a coordenação iniciou - fizeram até com que mães de amigas as obrigassem a se distanciar de mim. Algumas acataram e se distanciaram, outras são minhas amigas-irmãs até hoje. Mas resumindo, enquanto os meninos abusavam sexualmente de uma aluna (se pensar, de uma professora também) e nada foi feito, eu fui taxada de "puta" pela própria coordenação, por mera implicância (pois até "bv" eu era). E isso não é a cultura do estupro mostrando as caras novamente?
Eu não acredito que esse tipo de postura de assédio e abuso seja da natureza do homem, mas sim que esses meninos (hoje homens) não foram bem educados durante a infância. A mídia já destrói as mulheres, as mães e os pais precisam intervir e ensinar RESPEITO. Crescemos com mulheres sendo objetificadas na TV, bunda rebolando pra todo lado. Se as mães e os pais não dão a educação necessária em casa, os meninos crescem mesmo vendo as meninas e mulheres como objetos. Não conseguem se por no lugar delas, não tentam sentir o que elas devem estar sentindo. Empatia precisa ser ensinada, e cabe aos pais dar esse ensinamento aos filhos.
-sim, o que era pra ser uma pequena observação, virou um texto por si só. Mas há muito a se falar, e se calar é aceitar. Eu não aceito, e realmente acho que a conscientização é o canal pra melhorar a situação. Acredito de verdade que muitos estupros acontecem e os próprios estupradores não percebem que são estupradores, pois são acolhidos por essa cultura que aceita e cala. Eu não aceito, e eu não vou calar.
Venho com muito pesar no coração informar uma situação
horrível pela qual estamos passando. É inaceitável! É tão absurdo que beira o
ridículo! Por favor, leiam até o fim e compartilhem. Isso não pode ficar assim!
Quem me conhece
sabe que sempre tive animais e sempre cuidei com todo amor, afeto e carinho
possível. Quem me conhece sabe que meus cachorros são mais que bichinhos de
estimação, são meus filhos, meus companheiros e meus amores. E quem me conhece
também sabe que meus dois filhos caninos têm liberdade pela casa e pelo
quintal, e que a cama deles é na sala ao meu lado.
Bem, contarei este
caso horrendo do início. Recentemente descobrimos que um de nossos cachorros, o
Banzah (pitbull conhecido como o cachorro bonzinho) está com um câncer agressivo
na narina direita. Depois de realizar diversos exames, foi constatado que o
sarcoma é incurável, porém que ele não está sentindo dor, e que com
quimioterapia conseguiríamos prolongar sua vida com qualidade e sem sofrimento.
De acordo com a veterinária, que é madrinha e tia de meu marido, ele poderá
viver feliz por aproximadamente seis meses, e quando a questionamos sobre a
possibilidade de adotar uma bebê canina para animá-lo, ela disse acreditar que
pela personalidade dele, um filhote seria uma ótima companhia, tanto para ele
quanto para o Johnny, que cresceu com o Banzah e ficaria sozinho quando ele se
for.
Então, passamos a
procurar uma bebê para adotarmos. Decidimos que gostaríamos de pegar uma fêmea
filhote, filha de pais grandes. Postei as nossas expectativas para a mais nova
moradora da casa em diversos grupos aqui da região onde moro. Como que
caindo dos céus, entramos em contato com uma moça que havia resgatado uma
cadelinha Sem Raça Definida, quando prenha de um - supostamente - Dogo Argentido, e que os filhotes
estavam completando 45 dias. Haviam duas fêmeas para adoção, e a dona delas,
com o coração aberto, as trouxe aqui em casa dia 11/04/2017, para as
conhecermos. Logo nos apaixonamos pela Zelda, esta que vocês podem ver no
vídeo. Como a dona gostou de nós e do nosso espaço, depois de questionar sobre
nossa disponibilidade de tempo, sobre o espaço em que os cães podem frequentar
da casa (todos) e sobre nossa experiência em criar cachorros, ela nos entregou
a bebê e disse estar muito feliz com a adoção. Continuamos trocando mensagem à
noite, pois ela queria saber se a Zelda estava bem e se os dois lindões a
haviam aceitado bem. Como vocês podem ver no vídeo também, eles fizeram a maior
festa para ela. O Banzah parecia um filhote de novo, chamando ela pra brincar e
a enchendo de beijos. Foram cenas lindas, de emocionar.
Ficamos, nós cinco
(eu, meu marido, e os três filhos caninos, incluindo a Zelda), muito bem com
ela aqui. Dormi na sala dividindo um colchão de casal com ela e com os outros
dois, todos felizes. Ela me encheu de beijos e mordiscadas de amor a noite
toda, o que resultou numa noite acordada para mim, me sentindo a pessoa mais
amada deste mundo. Nos apegamos uma à outra e criamos um laço de amor lindo, em
apenas uma noite.
Agora começa a segunda
parte triste: na manhã seguinte, dia 12/04 (ontem), às 10h da manhã, recebi o
telefonema de uma mulher. Ela mora aqui perto de casa, no mesmo bairro, e havia
fornecido lar temporário à mamãe e aos filhotes. Porém os cães não são dela,
são da moça que nos doou, o que ela negou. Ela me disse que a filhote era dela,
que a moça que me doou só a estava ajudando, que as vacinas encomendadas para a
ninhada haviam chegado, e que ela fazia questão de vaciná-la o quanto antes.
Falei que não era necessário, que logo depois do almoço a levaria na clínica
dos tios de meu marido e faríamos um check-up, assim como a vacinação. Falei
para ela se tranquilizar pois eles são excelentes veterinários, e fariam tudo
que fosse necessário. Ela insistiu, e mesmo eu falando que eu fazia questão de
levar eu mesma, ela começou a bater aqui em casa (como ela conseguiu o endereço
já não sei). Quando vi, ela era uma senhora idosa, e eu que sempre tive muita
empatia por todos, acabei dando um voto de confiança e permitindo que ela a levasse
para vacinar com a condição de que ela se comprometesse a trazê-la de volta até
às 14h, pois eu ainda a levaria para fazer o check-up de qualquer forma,
vacinada ou não. Ao meio-dia, liguei para ela para saber como a bebê estava, e
ela me disse que achava que ela estava doente pois estava muito amuada e
tristinha. Meu coração se partiu. Eu sei que ela me adotou tanto quanto eu a
adotei, e sei que sua tristeza era por não estar mais aqui, afinal ela tinha
ficado bem e feliz o tempo todo em que esteve comigo e com seus novos irmãos, e
só chorou na hora que eu a entreguei à esta mulher. Pedi para ela trazê-la o
quanto antes, pois se ela estava amuada eu queria leva-la o mais rápido
possível na clínica. Ela se negou, falou que só devolveria a bebê quando ela se
alegrasse. Me disse que ela estava com febre e possivelmente morrendo. Vocês
podem imaginar meu estado ao ouvir isso. Falei que iria até lá para vê-la e
leva-la correndo aos veterinários, mas ela se negou em me dar o endereço. Ela
começou a gritar comigo dizendo que eu não iria mais ficar com minha filha, e
desligou o telefone na minha cara.
Desesperada, entrei
em contato com a moça que nos doou a Zelda. Ela ficou inconformada com a
situação, deixou bem claro que a mãe e os bebês são dela, que essa amiga só
disponibilizou o espaço. Ao ouvir que talvez a bebê Zelda estivesse doente, de
prontidão passou lá e a pegou para levar na sua veterinária de confiança. Foram
feitos exames de sangue que comprovaram que ela está saudável. A dona dos cães
me disse que a traria de volta às 17h30 com o resultado do exame. Porém, quando
ela foi lá buscar minha filha, a mulher não a recebeu, fingiu que não estava em
casa. Depois de mais de uma hora lá batendo e esperando, essa moça que nos doou
a Zelda acabou desistindo e indo para casa, e me explicou a situação. Nesta
altura do campeonato descobri que ela mantém mais de 50 cachorros presos num
espaço de um terreno pequeno, contendo uma casa e diversos “canis”. Muitos
desses cães presos em cubículos de 2x2. Foi constatado através de conhecidos
dessa mulher que ela é acumuladora compulsiva de animais, e que ela não tem
condições financeiras ou emocionais de cuidar de todos. Foi constatado que ela
depende de ajuda de terceiros para que os animais não morrerem de inanição. Isso
é desumano, e minha filha está lá presa neste inferno. Ainda assim, conversei
com a dona original, a pessoa que nos doou a bebê, e ela me disse que assim que
acordasse hoje, iria lá buscar a Zelda para trazê-la de volta pra casa. Ao
perceber que não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento, depois de uma
noite em claro e estômago vazio (no momento que entreguei a Zelda para “ser
vacinada”, meu apetite foi junto), resolvi aceitar e esperar o dia amanhecer.
Depois de mais uma
noite mal dormida, desta vez não por excesso de amor, mas por dor no coração e
saudade da minha bebê, logo às 6h da manhã já mandei mensagem para a moça dona
dos cães, dizendo que ela podia passar o quanto antes para deixar a Zelda.
Algumas horas depois, recebo uma resposta pedindo para eu ligar em sua casa.
Liguei e descobri que ela foi até a casa dessa mulher que sequestrou minha
filha, e que a mulher se negou a entregar a Zelda para ela e ainda fechou o
portão em sua cara.
Estou devastada,
preciso resgatar minha bebê daquele lugar horrível. E mais, é preciso denunciar
essa mulher por maus tratos, pois é inadmissível ela manter tantos cachorros
presos e mal alimentados. Preciso da ajuda de vocês compartilhando este post
para nos mobilizarmos e conseguirmos resgatar essas vítimas. Resgatar e dar
lares para elas, pois não é justo os animais sofrerem mais ainda.
Tentei realizar um
Boletim de Ocorrência por furto hoje, porém o homem que nos atendeu se recusou
a fazer o B.O, disse que foi apropriação indébita o que a mulher fez, e que
"com tanto bandido solto na rua acha que vamos deslocar viatura pra
resgatar cachorrinho?".
Chegando em casa e
contando o caso aos próximos, uma amiga me mandou o seguinte:
“Apropriação
indébita é o crime previsto no artigo 168 do Código Penal Brasileiro que
consiste no apoderamento de coisa alheia móvel, sem o consentimento do
proprietário. Diferencia-se do
furto porque, no furto, a intenção do agente de apropriar-se da coisa é
anterior à sua obtenção, enquanto que, na apropriação indébita, o objeto chega
legitimamente às mãos do agente, e este, posteriormente, resolve apoderar-se do
objeto ilicitamente, ou seja, a apropriação indébita ocorre quando o agente
deixa de entregar ou devolver ao seu legítimo dono um bem móvel ao qual tem
acesso - seja por empréstimo ou por depósito em confiança.”
Nessas horas vemos
como nossa ignorância pode nos prejudicar, pois acreditei naquele indivíduo
cheio de má vontade e saí da delegacia aos prantos, me sentindo muito impotente
e injustiçada.
Realizei denúncias
de maus tratos em ONGs de defesa aos animais (não posso fazer um B.O pois não
tenho fotos ou vídeos que provem a situação precária dos pobrezinhos). A
mobilização é necessária para que atitudes sejam tomadas para acabar com a dor
desses animais. Eles merecem um lar decente. E não aceitarei a opção de ficar
sem a Zelda. Ela foi adotada por mim e é inaceitável esse sequestro. Eu e meu
marido já nos prontificamos a adotar a irmã da Zelda também (que, se vier, se
chamará Dota). Não podemos resgatar mais pois não teríamos condições, e não me
comprometo a algo que não eu não posso cumprir.
Edit 06/07/2017: Recuperamos a Zelda 2 dias depois de postar este texto no facebook, e graças à ele. Uma amiga da mulher que sequestrou a Zelda (e advogada da causa animal) conseguiu intervir e convencer a mulher de que era melhor devolver a baby antes que as coisas crescessem. Ela afirmou que a mulher era a dona original e que quem me entregou a puppy não poderia ter doado sem autorização dela. Tudo meio mal contado... Mas enfim, contanto que tirássemos o texto do face, devolveriam a Zelda. Parando pra pensar agora, quase 3 meses depois, cena de sequestro total! Combinamos que o resgate seria pago no ato da entrega da bebê. Combinamos na manhã de sábado (15/04), eu mal podia aguentar a ansiedade. Galera da Maior estava aqui em casa para curtir o Banzah, e mesmo eu tendo ido dormir de madrugada, às 7 da manhã pulei da cama e fiquei na espera. Só de lembrar daquela ansiedade, eu tremo! Me enrolaram até às 12h40. Como que pra comprar meu silêncio, me chegam com aquela cachorrinha linda, num vestidinho amarelo deplorável. E naquele calor! Enfim, conseguiram. Não com o vestido, claro, mas com o tiro que deram em meu espírito, dor inacabável depois de dias sem dormir direito, sem comer direito, sem sorrir direito.
Finalmente Zelda em casa, inevitavelmente texto deletado, incontestavelmente uma cicatriz em meu âmago. Todos felizes, se não fosse o fato de eu sentir que me vendi para o sistema. Depois de tudo que aconteceu, quando a Zelda voltou eu só quis sumir e esquecer o que havia acontecido. Até hoje, quando passo em frente a casa dela (rarissimamente) e ouço aquela gritaria canina, meu coração aperta e engulo amargo o gosto da corrupção.
É engraçado como interpretamos o tempo, conforme ele passa. Os últimos 10 anos se passaram e eu nem vi. Quando eu criei este blog, se eu passava semanas sem escrever já pareciam uma eternidade. Quando fiquei o primeiro ano sem escrever, fiquei chocada. Agora, relendo posts antigos, percebo gaps de anos sem qualquer post ou rascunho, e não me sinto mais chocada. A vida é assim, ela dá voltas, e nossas prioridades vão se alterando. Gastamos nosso tempo de outras formas, e coisas do passado às vezes se perdem. Nossas necessidades mudam, assim como nossa percepção da vida, do universo, de nós mesmos. Nossos interesses variam, e às vezes até nossos valores. Nós mudamos, apesar de nossa essência continuar a mesma.
Mas nossa concepção do tempo é o que mais muda. Quando crianças, meses pareciam anos, e anos pareciam (e eram!) uma boa parte da vida. Agora, chegando aos 28, preciso de uma década para sentir como se tivesse passado uma boa parte da minha vida. E isso me assusta. Ainda mais porque, em muitos aspectos, ainda me sinto aquela menina, ansiosa para fazer 18 anos e tirar sua carta de motorista. Esta década voou, especialmente os últimos anos. Aliás, parece que cada ano passa numa velocidade maior que o anterior. E isso também me assusta. Muito.
Eu escuto Time, do Pink Floyd, e inevitavelmente sinto arrepios. Além da melodia ser maravilhosa, a letra diz tudo que estou tentando expressar.
Ticking away the moments that make up a dull day
Fritter and waste the hours in an offhand way
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way
Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain
And you are young and life is long and there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun
And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
Racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death
Every year is getting shorter, never seem to find the time
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on quiet desperation is the English way
The time is gone, the song is over, thought I'd something more to say
Realmente, dez anos se passaram despercebidos, e tenho medo da velocidade que os próximos dez anos vão levar para passar. Queria ser uma Time Lady, imortal e com uma Tardis à minha espera. A percepção do tempo para eles é muito diferente da que qualquer mortal um dia pode ter. Para quem é imortal, com o tempo séculos passam a parecer meses, e dias não passam de um suspiro... Mas, diferente da nossa realidade, para quem é imortal, essa rapidez em que o tempo passa não é um problema. Se não envelhecêssemos ou tivéssemos que encarar a morte mais perto a cada dia, o tempo poderia ter a velocidade que fosse. O único sofrimento que resta é o apego ao que não tem a mesma validade. Apego às pessoas que morrem, às paisagens que mudam, às culturas que desaparecem ou às épocas que nunca voltam.
Como somos meros mortais, tudo que nos resta é o apego, sofrido ou não. O apego ao tempo, ao amor e à vida.
Hoje vou falar de um musical PESADO, que descobri por acaso e para o qual não dei nada. Logo nas primeiras músicas (que na maioria das vezes são parte do repertório do show de Hedwig and the Angry Inch) já me endireitei na cadeira e comecei a prestar mais atenção.
Nesta que separei, eu já havia me apaixonado pelo musical. Porém, a história só evolui mais pra frente, e aí me apaixonei de novo, mas desta vez pelo filme como um todo.
Logo no começo de Hedwig and the Angry Inch, nos deparamos com Hedwig, uma mulher linda, poderosa e que canta muito. Logo depois da primeira música, já percebemos que Hedwig é perturbada pela existência de um tal de Tommy Gnosis (mais pra frente falaremos melhor dele), que apresenta as músicas de Hedwig como se fossem dele. Ele está sendo processado por ela, e a banda de Hedwig está fazendo sua turnê baseada na dele.
Yitzhak é parte da banda e atual marido de Hedwig. Durante o filme vemos ela o mal tratando várias vezes, e o relacionamento deles é complicado e cheio de mágoas. Acredito que Yitzhak só continuou ao lado de Hedwig por sentir que não tinha outra opção, já que era um imigrante casado com uma cidadã americana. Também fica bem claro, sempre, que Yitzhak gostaria de se travestir, o que Hedwig não aceita.
SPOILER ALERT!
Conforme Hedwig nos conta sua história, passamos a conhecer Hansel, um garoto alemão que cresceu do lado oriental de Berlin nos anos 60/70.
Filho de uma mãe alemã comunista e de um pai militar americano (que a mãe mandou embora por achar que abusava de seu filho), Hansel era um menino inteligente e apaixonado por música, que passava a maior parte de seu tempo ouvindo a rádio das forças armadas americana (com a cabeça enfiada num forno, pois só assim a mãe o deixava).
Hedwig conta que na última metade dos anos 80, ela, na época ainda ele, havia sido mandado embora da faculdade após entregar um trabalho brilhante sobre a influência agressiva da filosofia alemã no Rock’n’Rol, cujo título era “You, Kant, Always Get Wat You Want”. Com 26 anos sua carreira acadêmica havia acabado, ele ainda morava com a mãe e nunca havia beijado um homem. A cada dia sentia mais e mais desespero para se libertar e sair da Berlin comunista. Mas como? As pessoas morriam tentando...
Um dia, Hansel estava tomando sol e isto aconteceu:
Pode-se dizer que foi o que mudou sua vida, mas não necessariamente para melhor.
Com Luther, Hansel finalmente tinha esperanças de conseguir sair do lado oriental de Berlin. Sua mãe apoiava o relacionamento, e eles iam se casar. Sua mãe, chamada Hedwig, deu seu passaporte para o filho, e eles atualizaram a foto com uma do Hansel usando peruca. Porém, tanto Luther quanto sua mãe garantiram que ele só conseguiria sair de lá se ele abrisse mão de seu pênis. Se sentindo pressionado e sem alternativas, Hansel se submete à cirurgia. Cirurgia, esta, que não foi um sucesso, e nem de perto foi uma mudança de sexo. Pelo o que entendemos no filme, eles simplesmente cortam o pênis e os testículos fora, deixando ainda alguns centímetros (the angry inch).
Recém casados, mal chegaram aos Estados Unidos e Luther foi embora com um garoto, deixando Hedwig sozinha em um trailer no Kansas. Abandonada, tendo que aceitar seu novo gênero que foi escolhido por outros para si, Hedwig sofre ao ver que tudo que deixou para trás foi em vão, afinal o muro foi derrubado e seu amor acabou. O que lhe restou foi a solidão e a necessidade de se aceitar. Esta aceitação é retratada no filme com a relação de Hedwig com suas perucas.
Mostrando a luta pelos direitos autorais das músicas de Tommy Gnosis, Hedwig continua contando sua história. Sozinha, abandonada em um trailer num país que não é seu, Hedwig sobrevive trabalhando como babá, se prostituindo e fazendo qualquer trabalho que aparecesse. Hedwig conta também que havia voltado a se dedicar à sua paixão: música. Com uma banda de mulheres coreanas, Hedwig conseguia fazer covers e mostrar suas composições próprias, mas sempre em shows pequenos em lanchonetes ou bares.
Foi nessa época que Hedwig conheceu Tommy, um adolescente de 17 anos que adorava rock. Ela se encanta com ele, e aos poucos eles começam um relacionamento.
Ela passa todo seu conhecimento musical para ele, eles começam a se apresentar juntos e começam a ganhar dinheiro com música. Hedwig, então, começa a se dedicar completamente a isso.
Porém, em meses de relacionamento, além de Hedwig e Tommy nunca terem se beijado, ele ignora completamente a parte da frente de seu corpo. Até que um dia acontece, e o momento do beijo é mágico para os dois. Mas, apesar da empolgação inicial, quando Tommy sente a cirurgia mal feita de Hedwig, ele parece ficar com medo e foge. E assim acaba o relacionamento dos dois.
Voltando aos dias “atuais”, vemos o momento em que Hedwig surta e abre mão de tudo que tem. Yitzhak, cansado dos abusos, começa a correr atrás de sua carreira, e consegue o papel de Angie na turnê eslava de Rent. Quando ele confronta Hedwig, pede divórcio e diz que vai embora, ela mostra sua pior face e destrói o passaporte do marido. Com essa atitude, Hedwig perde qualquer apoio que tinha da banda ou da assistente, que pediu demissão logo em seguida.
Sozinha novamente, desta vez em Nova York, Hedwig passa a se prostituir para sobreviver. Até que um dia uma limosine pára em seu ponto. De dentro, sai um Tommy Gnosis estendendo a mão para Hedwig entrar. Na limo, ele passa um CD dele para ela, com a autoria das músicas atualizadas a caneta no verso, incluindo o nome de Hedwig.
Depois do acidente, Hedwig fica famosa (afinal, era uma mulher trans numa limosine com um músico famoso. Como se não bastasse, ela o estava processando por plágio), e com a fama sua banda e sua assistente voltam. Em sua primeira apresentação depois do acidente, Hedwig surta e destrói os instrumentos, se despe, tira a peruca e foge. Na verdade, esse surto não foi necessariamente externalizado. Pode ter sido só a epifania de Hedwig, e pode ter acontecido só em sua mente. Mas, a partir do momento que ela se despe, tira o sutiã, a peruca e incorpora o Hansel, é como se ele se libertasse daquela figura que impuseram a ele.
Então há esta cena com o Tommy, cantando uma alteração de uma música que Hansel compôs.
Assim, Hansel se liberta de Tommy e de si mesmo. Agora falta
ele libertar seu marido, Yitzhak.
EDIT 04/12/2017: Quando escrevi este texto, meu conhecimento era muito vago. Continua sendo, claro, mas agora eu consigo entender melhor. Eventualmente irei revisá-lo, pois não acho que Hensel/Hedwig fosse uma mulher trans. Acho que essa personalidade Hedwig, mesmo que vivida por tantos anos, foi imposta, não natural. Hensel pode ser não binário, ou homem cis, não necessariamente uma mulher trans.
07/06/2020: Inclusive é necessário rever os relacionamentos abusivos que são expostos. É complicado romantizar o que ele viveu com o sugar daddy, ou o relacionamento dele com o Tommy, enquanto este ainda era adolescente. Entre outros. Muitas coisas a serem revistas neste review, mas o filme continua sendo uma grande recomendação minha. Anos pensando e aprendendo com ele.