19/04/2020
Está cada vez mais difícil escrever sobre a quarentena. A situação está feia. Vamos aos números: quase 39mil casos confirmados no Brasil, com aproximadamente 2500 mortes pelo novo coronavirus. No mundo, já passa de 2 milhões e 400 mil casos confirmados da doença, e mais de 165 mil mortes.
Aqui em casa todos respeitam a quarentena e o isolamento social, eu saio só para comprar comida quando necessário, usando máscara, luvas, roupas fechadas e, dependendo da situação, até mesmo óculos de proteção. Estou de fato assustada, e tola seria eu se não estivesse, afinal os números são mesmo assustadores. E sabemos que tais números estão bem abaixo da realidade, já que temos incontáveis casos suspeitos que não são e nem serão testados. E os números que saem hoje no Brasil, costumam ser referentes há dias ou até semanas atrás, pois muitos testes demoram para serem processados.
No Brasil a situação política está realmente muito vergonhosa. O Bolsonaro continua com a mesma postura de um mês atrás, levantando manifestações contra isolamento, contra os governadores que impuseram quarentena, e contra qualquer um que estiver atrapalhando sua agenda genocida. Hoje mesmo ele organizou uma manifestação pedindo intervenção militar e volta do AI-5. Centenas de pessoas de verde e amarelo nas ruas, é tão vergonhoso que dói. Ainda sujam as cores de nossa bandeira com essa imundície assassina. Estou horrorizada!
Infelizmente não vejo esperanças para uma melhora em nosso cenário. Semana passada o idiotíssimo presidente demitiu nosso Ministro da Saúde, e colocou um monstrengo em seu lugar. Claro, o Mandetta de fato não é flor que se cheire, mas neste momento de crise ele estava aliado aos cientistas, aos fatos e às recomendações da Organização Mundial da Saúde. Ele estava orientando corretamente a população e os governadores, mas isso incomodou aqueles que são contra o isolamento, o que resultou em sua demissão. Como um chefe de Estado demite o Ministro da Saúde, num momento como este, por ele estar fazendo corretamente seu papel? É tão absurdo que parece fake news.
Eu não sei como ele conseguiu isso, mas o Bolsonaro fez uma lavagem cerebral muito eficaz em quem já tinha alguma simpatia por ele. Eu não acreditaria se não tivesse parentes próximos completamente fanáticos. Essas pessoas abraçam seu discurso, recheado de ódio, sem fazer nenhum tipo de questionamento, nenhum tipo de crítica. Cegamente eles seguem seu líder ao precipício. E pra eles, quem não for junto é petralha, vagabundo, comunista, ou qualquer outro termo que eles considerem pejorativo. Inclusive hoje vi um vídeo de um monstro de verde amarelo socando e chutando uma mulher na rua pois ela estava de vermelho. Olha o nível em que chegamos! E o escrotíssimo presidente certamente acha lindo, se pudesse daria uma medalha ao dito cujo. Ele, que já expressou misoginia incontáveis vezes, que já disse que se deve metralhar comunista, e que o erro da ditadura foi torturar e não matar, certamente está com o peito cheio de orgulho ao ver monstros de verde amarelo, cheios de ódio no coração, agredindo pessoas inocentes. É uma vergonha, uma vergonha sem fim.
Nos últimos 20 dias o número de casos confirmados triplicou no mundo, e o de mortes quadriplicou. E o genocida que é chamado de presidente insiste que é conspiração contra ele, que a mídia do mundo todo está mentindo e inventando números para quebrar o Estado e a economia brasileira. Não há nem o que dizer, afinal a razão não funciona com ele e com seu gado.
Dói muito ver o que estamos passando. Muito. E eu tenho sorte, tenho uma casa para morar, tenho a opção de me isolar, tenho comida, água, luz, internet, e estou cercada de amor. Mas boa parte da população do nosso país não está na mesma situação que eu. Boa parte está fodida. Jogada ao acaso. Sendo mantida silenciada, sem nem o mínimo para sobreviver em situações normais, muito menos num cenário de pandemia. Quantas mulheres, jovens e crianças não estão presas em casa com seus agressores? Infelizmente as estatísticas de violência doméstica durante a quarentena indicam que milhares... Se pelo menos o vírus fosse seletivo, matasse as pessoas más, os agressores, os assassinos... mas não, ele não diferencia, e a cada dia mais vemos que ele mata pessoas de todas as idades, de todas as origens, classes ou índole.
A impotência que eu sinto é sufocante. Sinto que não há o que fazer, que estamos a mercê dos monstros. Dos monstros e do vírus.
O que nos resta? Como sempre, resta nos protegermos, nos isolarmos, nos cuidarmos e esperar…
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