O Pantanal chora. Suas lágrimas de labaredas. Quentes como o inferno, queimam a mata e veredas.
O Pantanal chora.
Fumaça que destrói.
Fumaça tóxica,
que mata, corrói.
O Pantanal chora,
mas suas lágrimas de tormenta
não molham a terra
desesperada por água,
ou a mata sedenta.
O Pantanal chora.
E nos resta gritar,
e cobrar atitude
daquele que se cala,
e corrompido, se ilude.
O Pantanal chora.
Suas lágrimas secas,
são lágrimas de jacaré, de tamanduá.
De tucano, de sucuri,
de tatu e de lobo-guará.
O Pantanal chora.
Lágrimas de dor, angústia e desconsolo.
Lágrimas pelas vidas perdidas,
pelo grito ignorado de socorro.
Mas também lágrimas de ódio,
de revolta pelo descaso.
Pelo egoísmo desinibido,
e pela sede de ganho descabido.
O Pantanal chora.
Mas eles se esquecem que aqui se planta,
aqui se colhe.
E quem planta o inferno,
colhe o inferno.
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