Todos nós somos vítimas de uma sociedade cruel. Cheia de estigmas e de padrões ridículos, esta sociedade nos quebra e nos molda todos os dias, fazendo-nos perder sonhos, envenenando nossas essências e corrompendo nossas almas.
Desta sociedade que abrange tantos substantivos, um que quebra nossas pernas todos os dias é o machismo. O machismo é um tapa na cara de todos os indivíduos. Nenhum escapa. Somos todos vítimas dele. Mulheres ou homens. Claro que a opressão histórica (e contemporânea) que a mulher sofreu (e sofre) é muito maior (e mais violenta), porém falar que o homem não é vítima do machismo é um grande engano. Qualquer sexismo é prejudicial para todos os gêneros.
Antes de mais nada, acho importante frisar que a ideia de gêneros, de menino e menina, de homem e mulher, é só mais uma convenção social, uma herança de tempos passados. Hoje já não há a necessidade de diferenciar quem tem pênis de quem tem vagina. Na sociedade de hoje, onde há uma luta constante contra qualquer tipo de opressão, não há espaço para gêneros. Não havendo gêneros, não há orientação sexual, nem seus tabus, e os seres humanos finalmente viram livres para serem pessoas capazes de amar outras pessoas.
Quando as pessoas tiverem essa liberdade de amar outras pelo que são, e sem o preconceito inicial que o gênero cria, elas também serão livres para se vestir como quiserem, falar e se expressar da forma que quiserem. Ninguém vai ter que se provar macho ou feminino, e todos serão livres para serem quem são, sem julgamentos, expectativas, preconceitos ou estigmas. Pessoas com seios poderão sair sem camisa sem serem sexualizadas, pessoas com barba poderão trabalhar usando maquiagem sem serem ridicularizadas. Se depilar, as roupas e sapatos a usar, e tudo mais, dependerá somente da vontade de cada pessoa, e nossos gostos finalmente não serão moldados por uma sociedade sexista e opressora.
Sei que isso parece utopia, mas não precisa ser. Depende só do que vamos passar para as próximas gerações. Sonho com um futuro no qual crianças consigam crescer livres desses estigmas, possam brincar do que bem entenderem, e se vestirem como se sentirem melhor. E que adultos mantenham essa mesma liberdade.
Mesmo sabendo disso tudo, com frequência me encontro lutando contra mim mesma. Um exemplo: Tenho tido vontade de cortar meu cabelo bem curtinho, mas sempre que cogito essa ideia, me flagro pensando na importância, então, de começar a me maquiar, como que, inconscientemente, querendo compensar a falta de feminilidade do corte. Mas isso, na verdade, é um absurdo! Afinal, meu cabelo, maquiagem ou minha aparência, não importam - ou pelo menos não deveriam importar. E assim, nossa essência - que é o que importa - se perde todos os dias, quando aceitamos nos moldar a esta sociedade vil, por mero medo de nos expormos.
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